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Autora: Stella Bittencourt

São Paulo, um evento para desenvolvedores, palestra dada por uma menina de 13 anos, … oie?! com tiara de gatinha, … cativando um público de programadores, em sua maioria homens com no mínimo o dobro de sua idade.

Pois bem, Emmanuelle, a menina da cena ficou famosa ao desenvolver seu primeiro aplicativo com 12 anos e começar a blogar para contar sua história de aprendizagem. Onde mais isso aconteceria senão na área de TI?

Obviamente, ela ainda não tem nenhum diploma e ninguém sabe o que ela fará com seu futuro. Provavelmente, irá para uma Universidade … algum dia… ou talvez não. Mas você consegue imaginá-la prestando atenção nas aulas? Ou abandonado os estudos para empreender? … onde aprenderia mais?

Este é um excelente exemplo de que nosso modelo de educação esta sendo reinventado na idade digital. E com isso o nosso modo de reconhecimento do saber também está mudando.

O mundo valoriza cada vez menos diplomas/certificados e cada vez mais o que você, de fato, tem criado com o conhecimento adquirido: seu portfólio.

Fazendo uma comparação simples. A internet pode ser comparada à invenção da imprensa. Com ela, Gutenberg nos ajudou a ter livros baratos e a construir bibliotecas que deram luz a Universidades ao redor delas. Então, agora, tente imaginar o que a internet vai fazer, e já começou, com o sistema educativo!

É claro que tem gente que vai achar legal você ter cursado um escola de prestigio, mas vão prestar atenção quando você mostrar o que criou, inventou e compartilhou (melhor ainda se a filosofia for: “Curta, Experimente, Melhore, Compartilhe”).

O modelo vigente da educação treina os educandos para encontrar soluções de problemas que já foram resolvidos. O professor só elabora exames que ele consiga corrigir medindo a distância das respostas para uma única norma de excelência, a resposta certa. O melhor aluno é quem melhor replica uma maneira de resolver o problema em questão, nunca inventa porque caso o fizesse erraria.

Isso te causa perplexidade? A mim também.

Quantos neurônios usados para encontrar coisas que já conhecíamos! Isso ainda é mais absurdo quanto afirmar que usar a internet ou uma calculadora é considerado trapacear. Na escola convencional, verificamos a capacidade de lembrar uma informação que está a um clique do Google. Para que serve isso? Precisamos de pessoas com imaginação muito mais do que versões humanas de Wikipédia. Verificar na internet antes de se debruçar sobre qualquer problema deveria ser obrigatório.

Achou uma solução? Publique! Já resolveu? Vá adiante … problema novo. Estas pedagogias exigem novos desenhos de problemas e professores com imaginação.

As novas escolas que vão surgir irão incentivar os alunos a construir seus próprios portfólios, e não simplesmente prepará-los para passar nos exames, e aí nova pergunta: Mas como garantir que eles vão aprender? Então vamos lá! O diploma reconhece que você conseguiu passar nos exames elaborados pelos professores. O que fica radicalmente diferente com portfólio é que não há limite de quantas pessoas acabarão julgando o seu trabalho.

Para um portfólio, o numero de pessoas, “seguidores, curtidas e visualizações” (para usar uma linguagem atual) são o verdadeiro reconhecimento da idade moderna. E essas multidões são, talvez, também, mais espertas. Quando atentas vão rastrear erro, incoerência, ou informações falsas mais rápido do que seus professores. Vale lembrar que ficou comprovado que a Wikipédia tem menos erros do que a Enciclopédia Britânica.

Nossa educação tem a mesma lógica de uma linha de produção em que alunos são tratados em função do ano de fabricação (data de nascimento) e os mesmos conteúdos (peças, soldagem, tinta) são empurrados na mesma ordem, sem distinção e, com isso, destrói o nosso lado criativo.

Os únicos trabalhos nos quais não seremos substituídos por máquinas são os que revelam nossa habilidade de fazer aquela pergunta que ainda não foi feita.

A pedagogia baseada em portfólio nos convida a botar a mão na massa. Claro que a teoria é necessária, mas os erros mais comuns da “mentalidade do diploma” é colocar esforço demais na preparação esquecendo-se do valor de uma primeira venda para entender o mercado, o cliente, o negócio, nos incentivando a resolver problemas na medida que eles aparecem.

Quando a educação incentiva a construir projetos, a primeira lição aprendida é: a capacidade de colaborar é o melhor recurso. E todos nós que já trabalhamos em equipe sabemos que seus membros são os mais exigentes professores.

Então, vamos fechar as universidades? Claro que não! A maioria já oferece oportunidades fantásticas de criar um portfólio e estou convencida de que o portfólio dá de goleada no diploma. Um diploma comprova sua inteligência, um portfólio sua imaginação.

Vivemos agora num mundo aberto. Qualquer um pode publicar qualquer coisa. Então se você criar uma coisa que vale algo, use as plataformas existentes! Crie um blog, poste no Instagram, no Vimeo, coloque sua musica no Soundcloud, faça vídeos no YouTube, levante fundos para sua startup… Nenhuma dessas plataformas garantem sucesso, assim como certificados também não. A diferença é que elas vão te deixar tentar, não importa quem você é ou sua nota de matemática. Então preste atenção em aulas, grude nos melhores professores, mas comece a criar alguma coisa que te anime — e mostre-a para o mundo!

Um diploma revela a sua conformidade. Um portfólio, seu lado único!


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