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Autores: Priscila Casagrande Salomão e Vicente do Prado Tolezano

Não deve espantar ninguém que Igrejas estejam cheias de almas vazias. O problemático maior é elas estarem cheias de “almas esvaziantes”.

As pistas etimológicas costumam dar bons frutos. O vocábulo “sedução” vem de “desvio do caminho”, mais precisamente do senso de “alguém que está fora de rota, que nela não quer entrar e que também quer tirar outrem das rotas”. Serpente adâmica é bom exemplo disso.

Só porque é comum estatisticamente, muitos não conseguem ver a sedução como ato PREDADOR, oscilante entre viés PARASITÁRIO ou mesmo NECRÓFILO. Em termos espirituais é ato demoníaco mesmo.

Rigorosamente, toda dimensão espiritual nasce apenas de um berço: do DEVER DE VERDADE para consigo e para com outrem.

Ou seja, SEDUTOR sempre é estrangeiro na terra do espírito, pois não aprecia, de fato, ouro, e ama a cor dourada. Em si, é o “ouro dos tolos”, quer dizer “para ser comprado por tolos”, pois ele mesmo não se compra. A rigor, se odeia.

Muitos são os jeitos de seduzir: beleza, exibição de falsas potências, riqueza, erudição, status social, cargo, etc…, inclusive (PSEUDO) ESPIRITUALIDADE.

Aparência muito ostensiva de beatitude, castidade, virgindade, zelo litúrgico, reza frequente, estudo teológico, etc … entre outras “expressões de inocência” podem perfeitamente ser só TINTA DOURADA e, aliás, normalmente o são.

Afinal, sobre a própria virtude não se fala, só se vivencia. Sobre falsas virtudes é que se fala e, aliás, muito. Propriedade que não escapa da VIRTUDE VERDADEIRA é a discrição. Se urge ficar expondo virtude, é porque ela não deve existir.

O sedutor goza em saber que alguém nele acreditou. Ele sente-se “empoderado” pela capacidade de vender tinta dourada por ouro. Obviamente, é prazer efêmero-ambíguo, padecendo de angústia associada.

Como toda estrutura de vício, ele pede “mais vício” para dar cabo precário na angústia que ele mesmo gera. O drogado já se drogara porque estava vazio. Teve um prazerzinho que durou pouco e ele passou a padecer de uma angústia maior. Aí ele segue buscando droga mais pesada para ter mais prazer, mas padece de angústia igualmente maior e assim segue o fluxo viciante.

O sedutor funciona exatamente assim, com a diferença de que tem mais cuidado com a aparência que o drogado. Aliás, seu vício é “vício de aparência” e é TÓXICO/VENENOSO a outros, ladrão de energia. Seduz 1, depois 2, depois 3 e assim por diante …

Na aparência, o sedutor é simpático e quer ser “confirmado” e/ou ser “objeto de atenção dos outros”, mas subjacentemente o que se passa é que ele está sendo “alimentado” pela energia alheia (sem compromisso de reposição), fazendo o possível para que o furto não seja percebido.

As religiões são pratos cheios dessa “gente simpática/falsa/santa” e sob a luz do sol. Arriscamos, aliás, que os perversos predominem.

Instigar estímulo sexual por aparência de beata, ganhar confiança para proveitos mercantis múltiplos desde financeiros a afetivos por conta de suposta santidade, arrogar rigor corretivo moral excessivo contra as pessoas, se projetar em papéis idealizados de cônjuge, maternal, etc …  ou mesmo usar disso tudo “só pelo prazer de esvaziar outros por egocentrismo vil” é coisa do DIA A DIA das rodas religiosas.

Se o leitor ainda dúvida dos efeitos intoxicantes dos SEDUTORES RELIGIOSOS e mesmo que não esteja propriamente num “cativeiro afetivo particular” que eles fazem, mas só padecendo deles por “efeitos difusos”, faça um exercício: levanta nas suas mídias sociais quantos “SANTOS DE FACEBOOK” existem ao seu redor. Suspenda-os por um mês e veja se, depois, “respira melhor”. Os resultados podem ser “chocantes”.

Estes articulistas, ambos cristãos, não estão a atacar religiosidade sob qualquer aspecto. Temos um vazio interior do tamanho de Deus e só Ele o preenche. O ataque é ao VAMPIRISMO SEDUTOR que se passa nas rodas religiosas em antítese à vida espiritual.

Sempre é tempo de lembrar o notável Fiódor Dostoiévski, cristão ortodoxo, denuncista-mor das demonizações explícitas ou sutis que já brindou a humanidade com o asserto clássico de que tudo o que se passa no mundo “é uma luta entre Deus e o demônio e o campo de batalha é o coração do homem. De Deus, segundo aquele gênio das letras, estava preenchida a personagem prostituta SONIA MARMELODOVA e de demônio estava preenchido o personagem monge ALIOCHA KARAMAZOV.

Vida espiritual é VIDA, não projeção de ego, cujo degrau 1 é dever de verdade/sinceridade extremos, o que já implica a purga dos falsos ou simples “levianos” e cujo degrau 2 é a amorosidade (dar energia), ou seja, justamente o que os SEDUTORES não fazem porque, afinal, O AGIR SEGUE O SER (e sedutores, a rigor metafísico, “não são”).

Ao cabo e por sua vez, não há amor em prover energia a SEDUTORES. Isso se chama masoquismo, tipo que o sedutor é expert em identificar. O masoquista permite o mal a si e a outros porque permite que sua energia seja desperdiçada pelo VAMPIRO SEDUTOR com ROUPA DE SANTO, em detrimento de tantos que necessitam.

Há de se alcançar a potência de amar e há de proteger-lhe. Ela é cobiçada! Orai e vigiai!


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7 comentários

  1. Obrigado pelo texto! Tenho conversado muito sobre esse comportamento que vejo em pessoas fazendo.

  2. Flaviana disse:

    Texto maravilhoso!!! Verdade absoluta! Exatamente o que eu vivenciei! Excelente!

    • Roberta Resende disse:

      Gostei muito do texto e da reflexão. Acho que foi a primeira vez que leio abordagem por essa ótica. Consciente. Luz direto no ponto.
      Mesmo assim, no momento da leitura, me ocorreu uma dúvida sobre a intersecção (se ocorre) ou limiar entre essa “sedução” e a crença verdadeira na necessidade de divulgação como forma de “evangelizar”.

  3. Raíssa disse:

    Muito providencial encontrar esse texto hoje, dialoga totalmente com tudo o que tenho refletido nos últimos meses.
    Obrigada!
    Paz e bem 🙂

  4. Ana Cristina disse:

    Maravilhoso texto!!!

  5. Flávio disse:

    Muito bom. Ótima e atualíssima reflexão. E isto se estende para vários outros campos de relações a começar pelo convívio familiar. Gostei.

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